"A próxima vaga", "A próxima vaga: como o extremismo religioso está a recuperar o poder". é um relatório do Fórum Parlamentar Europeu para os Direitos Sexuais e ReprodutivosO Parlamento Europeu, uma associação de parlamentares europeus e deputados ao Parlamento Europeu, financiada pela Fundação Bill Gates, pela Open Society de George Soros e pelo Fundo das Nações Unidas para a População.
O objetivo do relatório é denunciar as organizações que alegadamente promovem o "extremismo religioso" na Europa, acusando os actores religiosos - principalmente católicos, evangélicos e ortodoxos - de procurarem aceder ao poder através de estratégias políticas de "captura institucional", a fim de corroer o direito ao aborto, os direitos sexuais, a igualdade de género e a própria democracia.
Surpreendentemente, o relatório foi apresentado em 26 de junho de 2025 no Parlamento Europeu, num evento coorganizado por eurodeputados individuais do Partido Popular Europeu (primeiro grupo no Parlamento Europeu, com 26%), da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (segundo grupo no Parlamento Europeu, com 19%), da Renew Europe (associação de partidos centristas, terceiro grupo no Parlamento Europeu, com 11%) e dos Verdes/Aliança Livre Europeia (sexto grupo com 7%).
Movimentos extremistas?
O relatório pretende expor um alegado ressurgimento na Europa de movimentos cristãos "extremistas religiosos", afirmando que estes receberam mais de 1,18 mil milhões de dólares entre 2019 e 2023 de várias fontes com o objetivo coordenado de minar os direitos dos cristãos e até a democracia. No entanto, o relatório surge como um documento radicalmente tendencioso, sem definições claras e motivado por uma agenda ideológica progressista e globalista.
Porque defender os valores cristãos tradicionais - como a proteção da vida desde a conceção, a família natural e a educação baseada em princípios éticos - apenas com palavras, sem promover o ódio e a violência, nunca poderá ser descrito como "extremismo religioso".
"The Next Wave" equipara posições conservadoras legítimas a ameaças antidemocráticas, utilizando termos pejorativos como grupos "anti-direitos" ou "anti-género" para estigmatizar aqueles que promovem alternativas éticas, como o planeamento familiar natural ou a abstinência sexual, sem provas de violência ou coerção reais. Até as ONG da Igreja são depreciativamente rotuladas como ChONGOs.
O financiamento que refere ter recebido de fontes europeias (73%), russas (18%) e norte-americanas (9%) provém de vários programas de apoio a iniciativas pró-família e pró-vida, e responde a preocupações demográficas e éticas, e não a qualquer conspiração religiosa extremista coordenada. Várias instituições, universidades e associações são injustamente rotuladas de "extremistas religiosos", quando, de facto, defendem os valores cristãos tradicionais sem promover o ódio ou a violência, participando em debates democráticos legítimos.
Instituições espanholas
Em Espanha, o relatório menciona estes aspectos:
San Pablo CEU University Foundation: Por apoiar eventos e manifestos pró-vida como o "Sim à Vida", defendendo os ensinamentos católicos tradicionais, sem extremismo ou violência, premiando figuras conservadoras pelas suas contribuições éticas.
Universidade de Navarra (UNAV), do Opus Dei, por promover o planeamento familiar com métodos naturais, e pela sua formação ética baseada no humanismo cristão. A UNAV defende os valores cristãos tradicionais - proteção da vida, família e educação ética - sem extremismos. Participa e promove debates democráticos e nunca recorreu a ameaças ou promoveu a violência.
Universidade Francisco de Vitória (UFV), dos Legionários de Cristo, por também ser ativa em acções pró-vida. A UFV defende os valores católicos tradicionais sem nunca promover o ódio ou a violência.
CitizenGO: Plataforma de petições que promove os valores da família cristã.
Fortius Foundation: Envolvida em redes pró-família, considerada como apoiante dos valores cristãos. Não há provas de radicalismo.
Instituto para la Cultura Jurídica Ordo Iuris (secção espanhola): defende os princípios cristãos no direito. A sua oposição às agendas progressistas é um debate legítimo, não pseudo-católico ou extremista.
Fundação Jérôme Lejeune (secção espanhola): Centrada na investigação ética e na luta contra o aborto. Rotulada como extremista, mas defende a vida humana com base na ciência e na fé cristã, e não no fanatismo.
Centros de Gravidez de Crise (CPCs) financiados pelo sector público: Oferecem apoio compassivo à gravidez. Estão alinhados com os valores cristãos de ajuda, e não como "serviços anti-género" extremistas ou violentos.
Asociación Red Política por los Valores (PNfV Espanha): plataforma transnacional que faz doações aos conservadores; considerada uma rede de valores cristãos. Mas não é extremista.
Fundação para a Melhoria da Vida, da Cultura e da Sociedade. Apoia melhorias sociais baseadas em princípios éticos.
Fundación Disenso: grupo de reflexão VOX. Promove o debate conservador e não acções extremistas violentas. O relatório acusa as organizações e universidades acima mencionadas de promoverem "desinformação" nas redes, mas é o próprio documento que desinforma gravemente ao equiparar as posições pró-vida a "ameaças à democracia", sem provas de coordenação unificada ou violência.
Críticas ao relatório
"The Next Wave" é criticável pela sua falta de nuance, (1) por encorajar a desinformação ao rotular como "extremista" o que é mera dissidência ideológica; (2) por não reconhecer o direito de defender os princípios cristãos sem estigmatização; (3) por não aceitar o direito de promover um diálogo genuíno em vez da polarização; e (4) pela sua hipocrisia em relação ao financiamento - o próprio relatório foi financiado por doadores como a Fundação Gates e a Open Open Society; (3) por não aceitar o direito de promover um diálogo genuíno em vez de uma polarização; e (3) pela sua hipocrisia em relação ao financiamento - o próprio relatório foi financiado por doadores como a Fundação Gates ou a Open Society, que promovem agendas globalistas progressistas e que foram, de facto, alvo de sérias acusações de "captura institucional".
A premissa fundamental do relatório é que a defesa dos valores cristãos tradicionais, enraizados nos ensinamentos bíblicos sobre a vida, a família e a moralidade, equivale a extremismo religioso. O extremismo envolve tipicamente violência, intolerância forçada ou rejeição do diálogo democrático, elementos ausentes nas organizações destacadas. Vários analistas e meios de comunicação social cristãos vêem o relatório como uma tentativa desesperada de silenciar debates legítimos sobre questões como o aborto, a ideologia de género e os direitos parentais.
Mesmo as políticas pró-família na Hungria são apresentadas como uma ameaça, ignorando que respondem à verdadeira crise demográfica e não a qualquer fanatismo violento anti-democrático. O objetivo declarado do relatório é mapear uma "nova vaga" de extremismo religioso cristão "a reclamar poder", analisando o seu financiamento e estratégias entre 2019-2023, categorizando as organizações como lobbies, meios de comunicação social, fundações, serviços, grupos de reflexão e litigantes.
O relatório exagera e distorce o financiamento para insinuar uma conspiração religiosa extremista bem orquestrada e coordenada. De forma crítica, esta narrativa ignora que as agências de financiamento não estão coordenadas e visam promover valores cristãos tradicionais - como a promoção da família nuclear ou a objeção ao aborto - valores que não são extremistas, mas expressões de liberdade religiosa e de consciência.
Termos como "anti-género" são utilizados para rotular a oposição razoável às leis subjectivas de auto-identificação do género ou à educação das crianças sobre a fluidez do género, que os pais e os conservadores vêem como imposições ideológicas e não como direitos inalienáveis.
Conclusão
"The Next Wave" alerta falsamente contra o extremismo religioso cristão, mas esta crítica revela o seu viés ideológico, a sua falta de definições e a sua hipocrisia. A defesa dos valores cristãos tradicionais não é extremismo, mas sim um exercício de liberdade. O relatório encoraja a polarização ao rotular a dissidência como uma ameaça. Há uma necessidade urgente de uma abordagem equilibrada que respeite o pluralismo e promova o diálogo, reconhecendo que as posições pró-vida e pró-família enriquecem a democracia e a sociedade.
Analista de dados. Ciência, economia e religião. Capitalista de risco e banqueiro de investimento (Perfil no X: @ChGefaell).