Saiu altiva do escritório de advogados. O seu coração ferido tinha-se endurecido para não sofrer mais. Ela apôs a sua assinatura no acordo de divórcio.
Poucos minutos depois, o marido, a quem ela já chamava "ex-marido", chegou. Entrou, sentou-se onde lhe tinham dito para se sentar e leu o contrato. Mas não assinou... Os seus olhos encheram-se de lágrimas que ela não conseguiu conter; um nó na garganta impediu-a de falar. Passados alguns minutos, ele levanta-se e diz: "Não assino, não posso, não vou fazer uma coisa que não quero".
Do escritório, a secretária telefonou à mulher para lhe contar o que se tinha passado. Ela ouviu com atenção e, surpreendentemente, sentiu-se como uma chuva de água fresca, a tensão no seu coração foi aliviada, chorou de emoção e disse: "Eu também não quero!
Perdão
Depois veio a conversa de que realmente precisavam: "perdoa-me", disseram os dois um ao outro... "Por favor, perdoa-me, quero estar bem contigo".
O orgulho que divide e destrói foi quebrado e a humildade que une e constrói foi deixada entrar.
A partir desse reencontro, uma série de acontecimentos necessários teve lugar: retomaram a sua vida de fé, foram ao MissaProcuraram um novo começo através de uma confissão geral que cada um fez com toda a consciência; tomaram a mão de um terapeuta que os ajudou a curar feridas do passado; empenharam-se num apostolado matrimonial que visa reforçar o amor conjugal, e fazem-no muito bem!
Há um tipo de orgulho que é positivo. Ocorre quando fazemos um trabalho bem feito, quando sentimos a satisfação de um trabalho bem feito, ou quando o sucesso de um filho ou de um ente querido alegra a nossa alma (Gl 6,4).
Orgulho nocivo
O orgulho, por outro lado, que impede o amor, é prejudicial e oposto à vontade de Deus. Satanás foi expulso do Céu por causa do seu orgulho (Isaías 14:12-15). Ele teve a audácia egoísta de tentar substituir Deus como governante do universo.
Quando este tipo de orgulho entra na relação de um casal, cava a sepultura do amor. Começa quando ele ou ela não quer ceder nem mudar nada. Sente uma espécie de superioridade moral em relação ao outro e exige que ele mude e não o seu.
Este orgulho despropositado é evidente quando são proferidas sentenças como estas:
"Tu és o bêbedo, tens de mudar".
"Tu é que és o louco, vê quem é que te pode endireitar".
"Tu és o infiel, purga a tua sentença".
"Tu é que és bipolar, pia".
"Nunca te vou perdoar por isso".
"Porque é que hei-de pedir perdão?"
Humildade para vencer o orgulho
É óbvio que surgem problemas nas relações conjugais, há divergências de opinião e comportamentos inadequados em relação ao outro. Há deveres a cumprir e pode acontecer que não sejam cumpridos. Nestes casos, há que encontrar a solução correta, há que encontrar as ferramentas necessárias para reconstruir. Uma condição essencial para isso é a virtude oposta ao orgulho: a humildade.
É humilde aquele que reconhece que precisa de ajuda, que sabe que há muito a melhorar em si próprio, que está determinado a aprender a melhor maneira de corrigir as coisas. A humildade não significa perder a dignidade, pelo contrário, a humildade é caminhar na Verdade, como dizia Teresa, a Grande.
Ambos os parceiros precisam desta atitude. Ambos precisam de aprender e de se esforçar para se tornarem uma versão melhor de si próprios. Se existe um problema de dependência, é preciso aceitar essa realidade e estar determinado a pedir ajuda. No caso de infidelidade, da mesma forma, é preciso compreender o que aconteceu para o curar e decidir fazer um novo começo com critérios cristãos. Se houver violência, é preciso recorrer a todos os meios necessários para a acabar completamente (mesmo que isso implique a separação).
Deus deseja a reconciliação
Quando um de nós, ou ambos, não concorda em trabalhar na mudança pessoal, podemos ver que o orgulho levou a melhor: "Não vou ceder, eu sou assim, o outro que se aguente".
E... nada a fazer... aquele que queria lutar apercebe-se que no casamento são precisos dois para estar certo.
Deus deseja a reconciliação, o perdão e a unidade, apresenta os meios, as circunstâncias, as pessoas que mostrarão o caminho do amor... mas respeita a nossa liberdade e, com o coração trespassado pela dor, continua a suplicar: abre-me o teu coração (Ap 3,20), não tenhas medo (Ap 3,20), não tenhas medo (Josué 1, 9).
Escutem essa voz e não acabem com o vosso casamento, acabem com os vossos problemas, aceitem ajuda.
Quebrai o vosso orgulho, estilhaçai-o, que esta manifestação de orgulho não vos impeça de crescer no amor, no perdão e na alegria.