Evangelização

Experiências didácticas positivas na disciplina de religião

Em "Educar para a vida. Experiências no ensino da religião", publicado pela EUNSA e brevemente disponível em inglês e português, 18 professores de religião de 15 escolas diferentes apresentam as suas melhores práticas educativas.

Ronald Bown S.-10 de junho de 2025-Tempo de leitura: 6 acta
tema Religião

"Educar para a vidaO livro "Religião na sala de aula" aborda uma infinidade de questões relacionadas ao ensino da disciplina de Religião: desde a abordagem da Sagrada Escritura, passando pelos desafios das aulas nas etapas pré-básica, fundamental e média, até uma infinidade de recursos pedagógicos, além de oferecer uma proposta para alunos com necessidades educacionais especiais.

Na Introdução, digo que gosto de utilizar os últimos minutos das minhas aulas para uma atividade a que chamo "Perguntas de Saída" ou, na última parte da aula: perguntas de "Alto Impacto". É uma atividade muito simples, mas que os alunos gostam muito: pede-se a cada aluno que entregue uma pergunta sobre a aula, escrita numa folha de papel. Pode ser algo que não compreenderam bem, uma ideia que gostariam de explorar mais profundamente, um conceito que lhes desperte particular curiosidade, etc. Estas perguntas permitem-me ver o que realmente aprenderam, quais os temas que lhes interessam particularmente e são um contributo muito valioso para a aula seguinte.

Todos os dias, quando revejo estas perguntas, fico surpreendido por várias razões: a sua ânsia de conhecer a nossa fé, a profundidade das suas perguntas, a sua inteligência e curiosidade cultural. Partilho convosco algumas das perguntas que me têm sido feitas ao longo dos anos: Como posso saber o que Deus quer de mim? As pessoas de outras religiões podem ir para o Céu? O que existia antes de Deus? Como é que o pecado original é mau se Deus cria todas as coisas? Porque é que escolher o mal não é verdadeira liberdade? O que posso dizer a um ateu para que se converta?

Com base nestas perguntas e na experiência na sala de aula, atrevo-me a dizer que os jovens gostam de aprender, estão interessados em aprender mais sobre a nossa fé, querem compreender mais profundamente os ensinamentos da Igreja, estão ansiosos por dar sentido às suas vidas e estão muito interessados em ter um encontro pessoal com Cristo.

Actividades de sala de aula

A professora Ángeles Cabido explora a diversidade de actividades para a sala de aula do ensino secundário: analisar citações bíblicas; consultar o que diz o Catecismo ou o YouCat sobre o que foi estudado;

Santiago Baraona, no capítulo sobre a participação dos alunos, recorda que "quando lecciono o curso de Teologia Fundamental a alunos de 17 anos, na primeira aula peço a cada um, numa plataforma de participação interactiva (Socrative ou Mentimeter, por exemplo), que responda à seguinte pergunta: Se tivesses a oportunidade de fazer uma pergunta a alguém que pudesse responder a todas, que pergunta lhe farias? Os alunos dispõem de alguns minutos para pensar e responder. Se quiserem, podem fazê-lo de forma anónima, com o objetivo de que seja, de facto, uma reflexão sobre uma questão que realmente lhes interessa. De seguida, analisamos as respostas de todos e debatemo-las. 

Questões perenes

Quase todas as perguntas feitas ao longo de muitos anos - pense num total de cerca de 1200 alunos - são variações mais ou menos elaboradas destas:

  • Qual é a razão pela qual Deus nos criou e nos criou da forma como o fez (como seres inteligentes à sua imagem e semelhança)?
  • Porque é que o sofrimento existe?
  • O que devo fazer na minha vida?
  • Deus existe?
  • O que é que me acontece depois da morte? O que é que me acontece quando morro?
  • Como começou tudo isto?
  • Qual é o aspeto do homem perfeito e como posso aproximar-me dele?

O que é surpreendente é a coincidência e a convergência destas questões. A verdade é que não deveria surpreender: o homem sempre procurou uma resposta para estas questões espinhosas. Para que a aula de religião seja significativa para o aluno adolescente, parece-me que ela deve partir de uma inquietação que ele tenha. Não podemos dar respostas se não houver perguntas prévias".

Cristo no centro

María José Urenda, escreve um capítulo sobre a centralidade de Cristo, aprofundando o verdadeiro foco e centro das aulas. Propõe uma reflexão sobre o sentido do ensino da religião católica, colocando no centro a Pessoa de Cristo como fundamento, conteúdo e objetivo a atingir. Salienta que o ensino da religião católica não se deve limitar à transmissão de conhecimentos ou à preparação para os exames, mas implica orientar e acompanhar os alunos a conhecer, amar e seguir Cristo, o que só é possível se o professor O tiver colocado no centro da sua vida. 

A vocação do professor de religião e a sua prática pedagógica estão intimamente ligadas ao seu testemunho pessoal de fé, uma vez que "ninguém dá o que não tem".. Este capítulo sublinha que Cristo não é apenas uma figura histórica, mas o próprio Deus feito Homem, cuja vida e ensinamentos marcam um antes e um depois na história da humanidade. Por isso, insiste em que o objetivo último da aula de Religião é provocar um encontro pessoal com Cristo, para que Ele transforme a vida de cada um dos seus alunos".

Religião no período pré-6 anos

Francisca Ruiz e Bernardita Domínguez co-escrevem o capítulo dedicado aos desafios das aulas de Religião no Pré-Básico. Trata-se de um capítulo com numerosas actividades explicadas e acompanhadas de ligações QR para observar os resultados da atividade. Por exemplo, para explicar a Tempestade Calma, um barco de cerca de 70 cm é feito de EVA ou cartão e alguns bonecos de pano representando Jesus e os apóstolos dão vida à história.

Cada criança segura um lenço azul na mão para participar na história, consoante o mar esteja calmo ou com grandes ondas. Quando a tempestade atinge o barco, as crianças agitam vigorosamente os seus lenços. Quando Jesus levanta os braços e diz: "Acalma o mar, acalma o vento", paramos de mover o barco e as crianças param de agitar os lenços. "Eu estou convosco, não tenhais medo!" E terminamos dizendo que Jesus é tão poderoso que até o mar e o vento lhe obedecem.

Outras actividades que podem ser destacadas deste capítulo: 

Tesouro: Colocamos um espelho dentro de uma bonita caixa forrada com papel brilhante. Dizemos em voz baixa: "Dentro desta caixa está o que Deus mais ama de toda a criação. Ele fê-la muito especial e única. Vou aproximar-me de cada um de vós para o ver. E, muito importante, não digam ao vosso parceiro para que ele ou ela também possa descobrir". Uma de cada vez, cada criança é convidada a ver o que está dentro dessa caixa. Quando a abrem e vêem o seu reflexo, a criança fica entusiasmada e sorri. É um momento muito especial e importante na consciencialização do amor de Deus por cada um.

Baú do Tesouro: na primeira aula do ano, entramos na sala com um baú (caixa forrada a ouro): "Aqui dentro trago o maior tesouro que podemos ter, Alguém que nos ama muito. Quem será? Abre-se a caixa e aparece o nosso Jesus fofinho. Durante o ano, reforçamos a ideia de que Jesus é o nosso tesouro e que devemos cuidar dele. 

A multiplicação dos pães: na história deste milagre, destacamos a presença de uma criança que queria partilhar tudo o que tinha. Utilizamos um prato de cartão com pães e peixes dobrado em forma de leque, de modo a que, à primeira vista, apenas se vejam 5 pães e 2 peixes, mas, quando esticado, vêem-se muitos mais, mostrando a multiplicação dos pães. Também se pode fazer a representação utilizando um pequeno cesto com os sete elementos e trocá-lo, no momento do milagre, por um grande cesto com pães e peixes para partilhar entre todas as crianças (recomendamos a utilização de rebuçados ou bolachas em forma de peixes e pães).

Pedagogia eficaz para o ensino primário e secundário

É evidente, portanto, que cada capítulo procura ser o mais prático possível. Alguns exemplos finais: Carolina Martínez explica como abordar a Sagrada Escritura. Ler a Bíblia, o nosso ponto de partida, dá conselhos concretos sobre como abordar a Sagrada Escritura, tanto no Antigo como no Novo Testamento. E Catalina Tapia e Verónica García oferecem recursos pedagógicos que põem em prática diferentes rotinas de pensamento que podemos utilizar nas nossas aulas: 

I. Rotinas de pensamento visíveis para apresentar e explorar:

Ver - Pensar - Perguntar:

-Olhar: olhar atentamente para uma imagem sagrada (pintura, fotografia, gráfico) que contém elementos importantes que oferecem diferentes níveis de explicação. É importante que seja descrita sem interpretações. 

-Pensamento: Refletir sobre o que a imagem nos faz pensar, dar uma interpretação e, em seguida, argumentar através de provas a minha reflexão.

-Questionamento: Fazer perguntas mais amplas, que ultrapassem a interpretação, que desafiem a curiosidade.

O passo seguinte é partilhar com um parceiro.

Foco

O objetivo desta rotina é ter uma parte cega de uma imagem sagrada, que apela à interpretação de toda a imagem, convida-o a olhar com atenção e a fazer interpretações, depois apresenta uma nova interpretação visual e pede-lhe que olhe com atenção e reavalie a sua interpretação inicial. Este processo torna o pensamento mais flexível de forma dinâmica, mostrando que uma visão parcial pode sempre conduzir a uma interpretação parcial do assunto. 

II. Rotinas de pensamento visíveis para Pensar-Questionar-Explorar:

CSI: Cor, Símbolo, Imagem: captar a essência através de metáforas. Utilizar uma cor, um símbolo e uma imagem para representar as ideias que identificaram.

2. Frase-Palavra: Rotina que trabalha com um texto sagrado, para resumir e extrair as ideias principais, os contextos e os conhecimentos. Procura revelar o que o leitor achou importante. 

- Oração: capta a ideia central do texto sagrado.

- Frase: Que conseguiu captar a sua atenção provocando uma emoção.

- Palavra: Escolha a palavra que mais se relaciona com a ideia central e evoca uma reflexão.

Em conclusão, a leitura de "Educar para a vida. Experiências no ensino da religião" é uma verdadeira ajuda para os professores de religião, os assunto o mais importante de todos.

Educar para a vida: experiências no ensino das religiões

AutorRonald Bown S
EditorialEUNSA
Ano: 2024
Número de páginas: 276
O autorRonald Bown S.

Professor de religião, Escola de Tabancura.

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