O documentário em vídeo 'Leão do PeruÉ bem montado, ágil e contém anedotas e testemunhos desconhecidos de muitos peruanos. São 45 minutos preparados pela direção editorial do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, que refazem os passos da missão do Padre Robert Francis Prevost no Peru. De Chicago a Chulucanas, de Chiclayo ao Vaticano", diz uma das canções de fundo de Los Bachiches. Nove dos quase 50 testemunhos foram selecionados para este texto, embora outros sejam citados.
Os realizadores, Salvatore Cernuzio, Felipe Herrera-Espaliat e Jaime Vizcaíno Haro, que também editaram o vídeo, dividiram-no em três partes, sendo os testemunhos o foco principal. Depois da introdução geral, segue-se o primeiro bloco (4' 19"): 'El Padre Roberto. Chulucanas - Trujillo'. O segundo (18' 44") é: 'Monsenhor Prevost, Chiclayo - Callao'. E o terceiro (37'), simplesmente "O Papa".
"O Papa é peruano!
"O Papa é peruano! Para os peruanos, o facto de Robert Francis Prevost ter nascido em Chicago é irrelevante. "O Papa é peruano", dizem muitos, sobretudo no norte do país, e é isso que dizem no documentário. Foram quase vinte anos de missão entre Chulucanas, Trujillo, como administrador apostólico em Callao, e depois como bispo em Chiclayo. Entre a abundância de testemunhos, foi necessário selecionar alguns. Eis alguns.
Ivonne Leiva (Trujillo). Para muitos peruanos, não foi uma surpresa
Alguns vaticanistas comentaram em entrevistas que a eleição do Cardeal Robert Prevost como Papa foi uma surpresa. No entanto, para alguns peruanos não foi.
Ivonne Leiva, da paróquia de Nuestra Señora de Montserrat em Trujillo, onde o Padre Roberto foi administrador paroquial de 1992 a 1999, diz
"Rezámos e rezámos para que Deus nos desse o melhor Papa. Mas porque sabíamos que ele podia ser, todos rezámos por isso, não foi? Estávamos a rezar para que ele se fosse embora, porque sabemos como ele é, como trabalha. De repente, Deus não nos dá atenção. Mas nós rezámos, rezámos...", e ele saiu.
Um frade agostiniano, ao ver o fumo branco, pensou: "E se for o Cardeal? E se for o nosso irmão Roberto?
Outros, como a missionária marista Irmã Margaret Walsh, de Lima, comentou que as pessoas em Callao disseram que ela poderia sair, mas "não esperávamos isso".
2 - Padrinho da Mildred, tal como a sua falecida mãe.
Hector Camacho, que é visto momentos antes a despachar galinhas no mercado de Chulucanas (4' 40"), é amigo do Padre Robert Prevost, e conta a história do apadrinhamento, uma das muitas do vídeo. "Ele veio aqui quando era muito jovem, em 85, 86, 87... , onde um grupo de acólitos foi dirigido por ele. Ele deu-nos uma educação de fé, cheia de amor ao próximo, cheia de amor a Deus. Aprendemos muito com ele.
"Um dia fui a casa dele e ele estava um pouco triste. Disse-me que a sua mãe tinha morrido e que ia passar uns dias aos Estados Unidos. Depois contei-lhe que a minha mulher estava grávida e perguntei-lhe se me deixava dar ao bebé o nome da mãe dele, ao que ele concordou. Pedi-lhe que escrevesse o nome Mildred. E depois pedi-lhe que fosse o padrinho da minha filha, o que ele também aceitou de bom grado. A filha de Hector, afilhada do Papa, a jovem Mildred Camacho, continua impressionada com o facto de "o meu padrinho ser conhecido em todo o mundo".
Héctor Camacho diz ter a certeza de que "ele vai fazer um grande trabalho para todos os povos do mundo. Estou certo de que onde quer que haja guerra, ele fará um ótimo trabalho. pazOnde houver discórdia, ele colocará amor, porque tem essas qualidades.
3. Lola Chávez, catequista em Chulucanas
"Eu era catequista e tínhamos missa ao domingo. Muitas crianças vinham aos domingos. Foi aí que o conheci. Tinha muita vontade de lhes dar catequese, e depois estava na formação dos acólitos", conta Lola Chávez, catequista em Chulucanas (7' 49"). Marina Ruidías, também ela uma antiga catequista, sublinha que "Deus estava a prepará-lo, porque ele começou o seu sacerdócio aqui". "Um grande Leão foi forjado no norte do Peru", diz uma das canções (10').
Jannina Sesa (Chiclayo). Com o costeiro "Niño", pôs a igreja de pé.
Muitas pessoas aparecem no documentário. Pessoas como Jorge 'Coco' Montoro, a quem o Padre Roberto deu a sua velha máquina fotográfica quando partiu para os Estados Unidos, ou Berta Ramos, da sopa dos pobres de Trujillo.
Jannina Sesa, ex-diretora da Caritas Chiclayo, conta (18' 54") que, em 2017, o fenómeno da 'Caritas Chiclayo' foi um fenómeno que causou grande preocupação.El Niño costeiroAs cheias do rio La Leche, que atravessa a província de Chiclayo, na região de Lambayeque, provocaram numerosas inundações.
"Foi o início do trabalho do nosso bispo emérito Robert Prevot, agora Papa, pois foi a primeira vez que ele pôs a Igreja de pé, sensibilizando as pessoas para doarem alimentos, calamidades, etc.". De facto, há um clip (19:30") do bispo em Illimo, uma das aldeias mais atingidas.
5. Miguel Ángel Aliaga: "meteu-se na lama".
Miguel Ángel Aliaga, animador da pastoral juvenil em Chiclayo, corrobora o testemunho de Jannina Sesa, acrescentando que com El Niño a cidade de Chiclayo. "Ele descia, conversava, perguntava às pessoas como estavam, do que precisavam, não era, como dizemos aqui, um bispo da casa. Rocío Zeña acrescenta que, nesse ano, forneceu 35 módulos pré-fabricados às pessoas que tinham perdido as suas casas.
Jannina descreve-o como "aquele Pastor que ia para a rua e tinha compaixão pelas pessoas". Aliaga dirá: "Calçava as botas, metia-se na lama, entrava, partilhava, servia, ajudava. Estava com as pessoas, estava envolvido. Era esse o trabalho do nosso bispo. É por isso que ele é tão amado aqui.
5. Pároco Christophe Ntaganz (Callao): trazia 4.000 frangos vivos por semana.
Christophe Ntaganz, pároco de Pachucútez (Callao), afirma (22') que esta é "a zona mais pobre de Callao". Na altura da pandemia, em 2020, "Monsenhor Prevost era administrador apostólico de Callao. Havia muita pobreza. E todas as semanas, ele trazia reboques de frangos vivos, 4.000, que paravam aqui, para que os distribuíssemos às pessoas durante todo o dia. Noutra semana, 4.000 galinhas. Outra semana, porcos, 150 quilos em camiões, medicamentos, água mineral, era assim que trabalhávamos.
6. Tina Orozco, "estar sempre ligado".
"Neste bairro vivem pessoas muito humildes, de baixos rendimentos, que lutam para progredir", diz Ricardina More, do bairro de Pachacútez, em Callao. Wilder Guadalupe acrescenta que foi uma grande ajuda. Nelson Palacios acrescenta que tivemos esta grande preocupação, mas "Deus é grande e nunca nos faltou nada". Tina Orozco, secretária do bispado de Callao, salienta que, durante a pandemia, "ele teve um trabalho difícil" aqui. Queria "aproximar-se mais do clero, dos padres da diocese. O seu maior desejo era estar sempre ligado".
7. Encorajamento para Sylvia Vázquez, vítima de tráfico de seres humanos
Sylvia Teolinda Vázquez foi vítima do tráfico de seres humanos, violada entre os 10 e os 11 anos, e a sua história é destacada no documentário (32'). Com o passar do tempo, conheceu as Irmãs Adoradoras. "Tinham uma casa em Chiclayo, onde convidavam as raparigas, trabalhadoras do sexo, a estudar cosmetologia, costura, informática, pastelaria e artesanato".
"Conheci o Padre Prevost porque ele estava com as Adoradoras, costumava encontrar-se com o grupo do tráfico de pessoas. O nosso trabalho consistia em ir à procura das raparigas, onde trabalhavam, e convidávamo-las a vir aos ateliers. Elas vinham, e o pequeno padre dava-lhes a sua missa, uma missa de retiro, como lhe chamavam. Depois, algumas delas falavam com ele, e o Papa também as ouvia. Ele queria que elas abrissem um negócio, porque muitas delas eram mães e tinham filhos.
O Papa Leão, que era muito amável e generoso, disse-me: "Sylvita, és uma boa pessoa, tens valor. Fazes parte do grupo, vamos sair-nos bem. Mas eu não sabia que ele ia ser Papa.
8. Daria Chavarry, Rosa Ruiz, cozinheiras na sopa dos pobres (Chiclayo)
Vamos concluir. Daría Chavarry, cozinheira do refeitório paroquial de Chiclayo, conta (34' 30") que "quando chegou, pisou a lama e não se importou de sujar os sapatos. Esteve aqui, deu a bênção e comeu com toda a gente".
Rosa Ruiz, também cozinheira em Chiclayo, recorda que "vieram muitos imigrantes para o Peru, e nós tínhamos de os acolher e ajudar. E o Papa, então bispo, Monsenhor, estava muito preocupado com isso".
9. Pároco Ángel Peña: Felicitou-me pelo meu aniversário, a 10 de maio.
O Padre Ángel Peña, pároco de San Martín de Tours, recorda as suas palavras. "Costumava dizer-nos: 'Sejam flexíveis, tentem ser humanitários, tentem ajudar as pessoas, tentem compreender'. Costumava escrever-me no dia do meu aniversário, quando era cardeal em Roma. O meu aniversário é a 10 de maio. O segundo dia como PapaPensei: "Oh, com tanto trabalho, como é que ele me pode escrever? Pensei: "Oh, com tanto trabalho, como é que ele me vai escrever?
"E às 5 horas da tarde, recebi uma mensagem no meu telemóvel do Cardeal Prevost, agora Papa, que me dizia: "Feliz aniversário, Angel. Que Deus te abençoe. Sê fiel à Igreja e continua a tua missão". "Assim, sem mais nem menos, simples. Para mim, era como um sonho. De vez em quando olhava para a mensagem, para ver se era verdade. Estou muito contente.
No final do documentário, são apresentadas as etiquetas. Incluem, entre outros, agradecimentos especiais aos artistas. Donnie Yaipen, "La cumbia del Papa". Los Bachiches, "De Chiclayo al Vaticano". Charlie André, "La marinera del Papa". E Nicole Cruz, 'Apuyaya Jesuscristo'.